quinta-feira, agosto 31, 2006

Estoicismo

Preferia que me tivesses dado um tiro no ombro,
ao invés de proferires aquelas palavras
Um tiro no ombro,feri-lo, tirar-lhe a utilidade.
teria sido menos doloroso, e o ombro assim,
já não poderia ser mais o teu ombro
onde ainda podes vir soluçar.
melhor ainda, já não poderia ser mais
o ombro de ninguém,
onde mais nenhuma lágrima poderia voltar a escorrer.


Preferia um tiro no ombro,
um disparo imobilizante e redentor
certeiro e íntegro e heróico e sincero.
Do que as palavras que não te sairam fulminates
mas que se ecoaram vãs, sem ecos de ti.

Ainda sacudo o asco de tudo isto
por cima do meu ombro,
queria não o poder fazer.
Queria não lhe poder tocar
e deixar o asco de tudo isto
confecionar pús na ferida aberta
pela bala que insistes em não disparar.

Dispara! Seria um barbitúrico parcial,
um abate necessário,assim como o pastor
que abate a ovelha ferida
pela mandíbula das circunstancias
o moribundo animal, também ele sabe
que dói mais a quem prime o gatilho
do que a quem recebe
a bala caridosa.
È heróico!

2 Comments:

Blogger Inês Dias de Carvalho said...

"If it can be broke then it can be fixed, if it can be fused then it can be split
It's all under control
If it can be lost then it can be won, if it can be touched then it can be turned
All you need is time"

4:52 da manhã  
Blogger Lipe said...

Até ao fim do mundo

" É tempo já, Ines,o mundo acaba.
Em que amor foi possivel e urgente;
A promessa talhada nessa pedra,
ou é comprida hoje, ou tudo mente."

José Saramago

7:36 da tarde  

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