segunda-feira, setembro 11, 2006

Plano Temporal

O tempo!? Desisti de o tentar apanhar.
Esse escorre de forma contínua
por entre os dedos das mãos.
Ora brusco,ora discreto
calca-me a palma fluidamente.
E eu!? Fechava e abria as mãos
de forma precepitada e inocente,
a julgar que o aprisionava
como que a uma mosca,
quando juramos
que a sentimos a esbracejar
na palma fechada,
mas nao está lá.Ilusão dos sentidos.
E continuamente, não o apanho,
Sinto-o, cheiro-o, vou o vendo
mas não o apanho.
Deixarei do o tentar apanhar,
descobri com ele que é inútil tentar.
Ele é esguioe fluído e curvo
e recorta-se e funde-se e
não para diante de mim.

Tenho um plano.

Deixa-lo fluir,
espreita-lo só nas flexões temporais do discursso.
Ter a mão bem aberta e esticada
e contemplar as cascastas paralelas de tempo
a escorrer bem entre as membranas digitais.
Vou conquistar-lhe a confiança,
deixa-lo acumular-se,
resticio a resticio de electrão,
que se vai fixando na mão.
Erodindo e erodido.
Um dia, quando olhar com tempo
vou reparar que na palma da minha mão,
tenho uma mão cheia de tempo,
vivido e não aprisionado,
e na mesma meu.

Como assim deve de ser.