quinta-feira, março 29, 2007

Neurónio espelho

O neurónio espelho que te imita, imitava
É um neurónio meu, que me habita, habitava

A repetição do acto, torna-o rea
l, tornava.
E deixa de ser teu, ficou meu, ficava.

E é assim que somos todos: de todos
Trapinhos rasgados: disfarçes de bons modos.

Estámos sempre a ser: hoje sou tu, amanhá e
le
Ontem fui-te todo, hoje tu és aque
le.

Conforta-me a ideia: cheira a promiscuidade.
pois sempre dormi sozinho...nunca acordei de verdade.



quarta-feira, março 21, 2007

Somatizar

Vendo, trabalho, vendo trabalhando
traba
lhando e vendo, vivendo arando?
E eu, onde fico?
Eu, que me sinto viscera
l a querer
morrer para tudo e a querer renascer
para não sei quem, para mim gostava eu.
Eu, que me vou fartando das unhas cravadas
na parede estomaca
l pela bilís do desasossego.
Sem querer peceber o que comi de errado
que me enjoa desde que me conheço.
E eu, que até me sinto me
lhor,
que até disfarço as unhadas com vénias humi
ldes.
E até discip
linei a boca.
Vou decidir agora!?

Não, o tri
lho o dirá, confio...

segunda-feira, março 05, 2007

Atirem a 1º (poesia revisitada)


gritam-me ao ouvido..amas uma pedra.
Não sabem, de pedras percebo eu.
Processo de formação lento,
no ámago telúrico e ardente.
Génese cuidada, paciente,
acariciada pela sabedoria do tempo.
De formação complexa, rica, serena.
Recheio de cristais em formaçao,
cuidadosamente apurados
no ventre do tempo, do espáço.
De solidez aparente,
é tão compronetadamente preciosa
em quantas mais camadas se deixa erodir.
Mineralmente ácida,
inocentemente básica.

Claro que eu amo uma pedra, (Pedras não se amam, tropeçam-se)
claro que eu amei uma pedra.

sexta-feira, março 02, 2007

pa(rir)

Útero, útero, útero.
Pouca terra, pouca terra...
huá, huá, huá.

Splat no frágil glúteo,
estou tão vivo!!


Manto branco de sombras.
O Primeiro aroma pós águas placenticas:
as entranhas da mamá, o perfume enfermeiral,
quase infermal.
O cheiro da mamá outra vez...
do peito suado, que ri assustado.

(cont)