O tempo!? Desisti de o tentar apanhar. Esse escorre de forma contínua por entre os dedos das mãos. Ora brusco,ora discreto calca-me a palma fluidamente. E eu!? Fechava e abria as mãos de forma precepitada e inocente, a julgar que o aprisionava como que a uma mosca, quando juramos que a sentimos a esbracejar na palma fechada, mas nao está lá.Ilusão dos sentidos. E continuamente, não o apanho, Sinto-o, cheiro-o, vou o vendo mas não o apanho. Deixarei do o tentar apanhar, descobri com ele que é inútil tentar. Ele é esguioe fluído e curvo e recorta-se e funde-se e não para diante de mim.
Tenho um plano.
Deixa-lo fluir, espreita-lo só nas flexões temporais do discursso. Ter a mão bem aberta e esticada e contemplar as cascastas paralelas de tempo a escorrer bem entre as membranas digitais. Vou conquistar-lhe a confiança, deixa-lo acumular-se, resticio a resticio de electrão, que se vai fixando na mão. Erodindo e erodido. Um dia, quando olhar com tempo vou reparar que na palma da minha mão, tenho uma mão cheia de tempo, vivido e não aprisionado, e na mesma meu.
E quando o maior dos tumultos se aproxima de forma serena!? E quando a calma serena parece mesmo serena e calma!? E tu a deixas calmamente vir, e pensas que te vem serenar. E afinal, o discreto tumulto ateia-te fogo ás pernas, inusitadas lavaredas. E tu corres ardentemente atrás de um vento, que te apague a chama e te serene a dor. E descobres na fuga, a briza acutilante.
Eu não rimo, não sei rimar Tenta-lo, é cortar-me o raciocinio, como que dizer-me o que falar. Mas gostava de ser exímio na arte da escrita rítmica, na arte de escrever a cantar. Mas é como falar por mímica, requere trejeitos de não falar. Então...mais não digo.